O sistema eletrônico brasileiro que controla a  comercialização de  madeira, chamado Documento de Origem Florestal (DOF),  deverá ser  “exportado” para países latino-americanos e também para a  África do  Sul, China e Rússia. A informação é do Instituto Brasileiro do  Meio  Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), responsável  pelo  sistema, criado em 2006. 
A tecnologia substituiu as antigas autorizações de transporte de   produto florestal (ATPF), feitas em papel moeda, que eram constantemente   roubadas ou até falsificadas em gráficas clandestinas, por uma   documentação que tramita por meio da internet entre produtores   de madeira, compradores e exportadores; o Ibama e os órgãos estaduais  de  meio ambiente; a Polícia Rodoviária Federal, a Receita Federal e o   Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A Secretaria-Geral da Convenção sobre o Comércio Internacional de   Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites)   convidou o Ibama a apresentar o sistema, em reunião, no fim deste mês,   em Manágua (Nicarágua).
A avaliação é que o sistema brasileiro é o mais moderno do mundo e   foi elaborado de acordo com os parâmetros da convenção, da qual o Brasil   é signatário desde 1975. Caso se confirme o interesse, o Brasil doará,   por meio de cooperação técnica, o código-fonte que permite a cópia do   sistema. A Cites tem a adesão de 175 países.
Para o coordenador-geral de Floresta do Ibama, Carlos Fabiano   Cardoso, a vantagem do sistema DOF é o acompanhamento descentralizado de   toda a cadeia de circulação da madeira, “da origem à primeira   transformação”.
Ele estima que, desde a implantação do sistema, o volume de madeira   ilegal que chega a São Paulo (principal estado consumidor) caiu em mais   da metade. Em sua opinião, a diminuição do tráfico e o interesse da   Cites mostram que “a governança pública no Brasil é considerada uma   referência”.
Segundo Cardoso, o sistema tornou mais barato e racionalizou o   controle e ainda permitiu a liberação de pessoal para fazer a   fiscalização. “Antes, o esforço era tão grande para acompanhar o papel   que a gente não tinha como verificar o consumo na área urbana”,   explicou. Ele disse que, agora, é possível acompanhar in loco, por exemplo, o uso de madeira na construção civil.
O comércio legal de madeira no Brasil movimenta em torno de R$ 15   bilhões anuais. O produto vem principalmente do Pará, de Mato Grosso,   Rondônia e do Maranhão.
A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (Otca) quer que os   países-membros da entidade, como o Peru, Equador, a Colômbia,   Venezuela, Guiana e o Suriname também implantem o DOF. A Bolívia já   assinou termo de cooperação com o Brasil para uso do sistema.
Segundo a coordenadora de Proteção e Conservação Florestal do  Ibama,  Cláudia Maria Correia de Mello, o monitoramento do comércio de  madeira  feito pelo órgão acompanha cinco espécies registradas pela  Cites: o  jacarandá da Bahia (usado para fazer violão, é uma árvore que  não pode  ser retirada da natureza e só pode ser comercializada a madeira  de  plantio específico); pau-brasil (usado em arcos de violino, que deve   ser oriundo de área de plantio ou de manejo florestal); pau-rosa (de   plantio ou manejo, usado para extrair fixador de perfumes); mogno (usado   para móveis e esquadrias, de plantio e de manejo) e cedro (também para   móveis e esquadrias, de comercialização mais liberada).
Fonte: Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário