terça-feira, 12 de julho de 2011

“Não é fácil ser cientista no Brasil”, afirma Mercadante

País investe apenas 1,19% do PIB em ciência. “Setor privado tem muito a fazer”, diz ministro na abertura da reunião da SBPC
Segundo Mercadante, é preciso criar a cultura de ciência no país e aplicar mais no setor. Enquanto o Brasil investe 1,19% do Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento, os Estados Unidos desembolsam 2,79% e o Japão apresenta índice de 3,44%. “O Estado pode melhorar e tem que avançar, mas o setor privado tem muito a fazer”, afirmou o ministro. O porcentual de investimento no Brasil cai para 0,57% quando é levado em conta apenas o investimento privado.
Outro índice que precisa ser melhorado é o de certificação de patentes. O Brasil ocupa a 13.ª posição em produção científica, mas cai para o 47.º lugar em inovação. Segundo o ministro, há 2,5 mil analistas de patentes na China e somente 300 no Brasil. A proposta é criar uma rede de consultores, que daria um parecer “mastigado” ao Instituto Nacio­­nal da Propriedade Indus­­trial (Inpi) no processo de análise.
Há ainda dificuldade na formação de engenheiros: o número não avança na quantidade que o país precisa, de acordo com o ministro. Uma das estratégias para reverter esse quadro é ofertar bolsas de estudo.
Alternativas
Diante dos desafios, o ministro voltou a sugerir o uso dos royalties do pré-sal para financiar gastos públicos em educação, ciência e tecnologia. Pelos cálculos dele serão gerados US$ 5 trilhões.
Uma das estratégias para se avançar em ciência e tecnologia é trazer de volta os grandes talentos que deixaram o país. “Temos que abrir as portas para quem quiser voltar”, disse o ministro. Estão sendo desenvolvidos ainda projetos de ampliação da rede de fibra ótica e de telemedicina, um sistema de alerta contra desastres naturais, a ampliação da imagem de monitoramento territorial da Amazônia e do Cerrado, e iniciativas para produção de tablets com componentes brasileiros e semi-condutores.
A presidente da SBPC, Helena Bonciani Nader, sugeriu que o Congresso faça um Regime Diferenciado de Contratações (RDC) voltado para as necessidades dos pesquisadores, como aquisição de materiais e equipamentos. “Acho que educação e ciência e tecnologia têm muito mais urgência nacional que uma Olimpíada”, defendeu. O RDC foi proposto para contratos de obras e serviços para a Copa do Mundo e a Olimpíada.
Marco Legal
Mercadante defendeu um novo marco legal, agilização da importação e o acesso dos pesquisadores à biodiversidade brasileira. Ele propõe que os pesquisadores montem um grupo técnico e apresentem mais propostas ao ministério.

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