segunda-feira, 18 de julho de 2011

Copa de 2014 demanda 18 mil voluntários

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Enquanto uns jogam e outros torcem, outros ainda têm que encarar muito trabalho pela frente. E de graça. O “sacríficio”, porém, compensa. Pelo menos é o que garantem as organizações locais e a Fifa, que pretendem reunir 18 mil pessoas para atuar como voluntários durante a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014. As inscrições devem começar no fim deste ano, por meio do site oficial do evento.
O programa de voluntariado oficial da Fifa cadastra, seleciona e capacita moradores das cidades-sede e de várias partes do mundo para darem suporte ao público dos jogos, em especial aos turistas estrangeiros. Os voluntários atuam principalmente nos locais de grande concentração de pessoas, como entornos dos estádios, aeroportos, rodoviárias e os Fan Parks.
Em 2010, cerca de 70 mil se candidataram para trabalhar voluntariamente na Copa da África do Sul. Depois de entrevistas no próprio país e em 52 embaixadas espalhadas pelo mundo, 18 mil pessoas foram selecionadas para atuar como voluntários. Os integrantes do programa recebem capacitação, uniforme, lanche e ajuda de custo. Os detalhes sobre o voluntariado na Copa de 2014, porém, só devem ser divulgados nos próximos meses.
Segundo a estimativa oficial, cada cidade-sede deve receber 1,5 mil voluntários. Em Curitiba, o secretário estadual para Assuntos da Copa, Mário Celso Cunha, está otimista quanto à adesão da comunidade. Para ele, “sobrarão interessados”. “O voluntário vai conquistar novas amizades, se capacitar para o mercado de trabalho. Vai precisar ter disponibilidade de tempo, motivação, mas participará de uma experiência diferenciada, já que esse será um evento mundial de grande porte”, defende.
Mobilização
O otimismo, porém, não é compartilhado por todos aqueles que têm acompanhado a preparação para o evento. Pelo menos não ao pé da letra. “É importante considerar que o brasileiro não tem cultura de voluntariado. Isso é algo que ainda precisa ser trabalhado”, ressalta o vice-coordenador do curso de Turismo da Universidade Fedaral do Paraná(UFPR) e professor de Planejamento e Gestão em Meios de Hospedagem José Manuel Gonçalves Gandara. “Também é preciso garantir que, em momento nenhum, os voluntários assumam o papel dos profissionais, sendo encarados como mão de obra barata. Antes de tudo, essas pessoas devem desenvolver atividades somente para as quais foram capacitadas”, reforça.
A preocupação encontra coro na voz do pesquisador e professor da FIA/USP e UFPR Ramiro Gonçalez. “A comunidade só vai se envolver se perceber que haverá um legado pra ela mesma. O voluntariado só funciona quando as pessoas percebem que podem fazer parte da construção da Copa. E não vejo mobilização alguma para isso”, destaca.
Benefícios
O analista de projetos da Central de Ação Voluntária (CAV) de Curitiba Thiago Soares diz que os ganhos tanto para a sociedade quanto para os próprios voluntários são visíveis e devem ser levados em consideração. “Nada melhor do que a Copa, que representa um esporte que mexe com o imaginário da população, para despertar esse sentimento de voluntariado”, afirma. “Vai haver uma facilidade para recrutar essas pessoas devido à identificação que elas têm com essa modalidade esportiva. Acredito que haverá muito mais cadastrados do que vagas”.
Segundo Soares, a participação no voluntariado de grandes eventos mundiais, além de proporcionar novas experiências e desenvolver habilidades pessoas na resolução de conflitos e de relacionamento, também é importante complemento em qualquer currículo profissional.
“Um dos benefícios mais importantes para os voluntários é a qualificação oferecida, seja para bem receber turistas, treinar outros idiomas ou conhecer melhor sua própria cidade, do ponto de vista cultural ou de planejamento urbano”, completa o vice-coordenador do curso de Turismo da UFPR.

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