sábado, 10 de setembro de 2011

Mais R$ 1,5 bi para pesquisar remédios, vacinas e avaliar o SUS

Muito atrás dos países ricos e de outras nações em desenvolvimento, como Índia e Coreia do Sul, o Ministério da Saúde decidiu multiplicar em 3,8 vezes o investimento público voltado à pesquisa de novos medicamentos, vacinas e de avaliação do Sistema Único de Saúde (SUS). O anúncio, marcado para esta quinta-feira, prevê que, em quatro anos, a União use R$ 1,5 bilhão para financiar o setor, contra R$ 492,5 milhões gastos nos últimos oito anos. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o governo quer que indústria farmacêutica pelo menos quadruplique seus investimentos até 2014.
O reforço de caixa focaliza as chamadas doenças negligenciadas, como dengue, malária e tuberculose, que não despertam o interesse do mercado mundial de medicamentos. O plano de ação, entretanto, não reduz o prazo de cinco ou seis anos para que o Brasil faça os primeiros testes em humanos da vacina contra a dengue.
A meta é reduzir custos e impedir que falte produto no Brasil em razão de variações do mercado internacional. Só no primeiro semestre, de acordo com o Ministério da Saúde, houve economia de R$ 600 milhões com a compra de medicamentos por causa da evolução do desenvolvimento de drogas no Brasil, que reforçou a distribuição de remédios para câncer e hepatite C.
Em outra frente, o governo vai anunciar uma rede de pesquisa para avaliar as ações de governo na área da saúde, com enfoque nos programas de distribuição de medicamentos para diabetes, hipertensão e hepatite C. Também serão contempladas pesquisas para medir a eficácia dos programas de dengue, malária, câncer, pesquisa clínica, tecnologia em saúde e terapia celular, como de células-tronco. Ao todo, foram definidas 16 prioridades e 151 pesquisas receberão apoio, das quais 40 já estão em curso.
"Queremos, por exemplo, ter uma pesquisa nacional de avaliação do impacto dos programas da atenção básica (prevenção) e uma pesquisa nacional de avaliação das ações de enfrentamento de álcool e drogas, tema grave que precisa de análise sobre a eficácia de alguns tipos de tratamento", explica o ministro Alexandre Padilha.
O ministro afirma que o governo tem ainda poder de compra de R$ 10 bilhões anuais em medicamentos, dos quais cinco bilhões podem ser utilizados para induzir o desenvolvimento tecnológico da iniciativa privada. Para tanto, porém, espera a contrapartida da indústria. Apenas dois entre os maiores laboratórios farmacêuticos do mundo, Pfizer e Novartis, investiram US$ 18 bilhões em pesquisa e desenvolvimento, só em 2010.
"A grande diferença que existe entre Brasil e outros países não é tanto o investimento público. Nós precisamos ampliar muito o investimento privado. Sobretudo, é o que faz a diferença entre o Brasil e outros países do mundo. Nós esperamos que o setor privado, pelo menos, faça o mesmo aumento de investimento que nós vamos fazer", provocou Padilha.
A indústria nacional concorda que precisa investir mais. Para tanto, quer que o reforço se traduza em mais dinheiro para o financiamento de longo prazo.
"Saudamos como positivo o interesse do Brasil em investir mais nesse setor. Mas precisamos ter claro que o desenvolvimento de um novo produto leva, em média, 10 anos. Precisamos de financiamento consistente e de longo prazo. Em muitos países, como Singapura, o governo optou por induzir com recursos públicos o desenvolvimento da indústria", afirma Nelson Mussolini, vice-presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma).
Também serão anunciadas nesta quinta-feira duas novidades para acelerar a autorização de novos produtos na área da saúde: o Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (Rebec), primeiro sistema de análise de ensaios clínicos em língua portuguesa certificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS); e a Plataforma Brasil, sistema de acesso a informações sobre as etapas do registro e que deverá, segundo o ministro, reduzir o tempo de conclusão e aprovação dos ensaios clínicos. Alexandre Padilha, no entanto, disse que não há como dimensionar qual será o ritmo da aprovação de novos registros.

Fonte: O Globo

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